Análise da tese "Taken Out of Context American Teen Sociality in Networked Publics" de Danah Boyd

Taken Out of Context - American Teen Sociality in Networked Publics 
Autora da tese: Danah Boyd

Com o surgimento das redes socais como o MySpace e o Facebook, os jovens americanos começaram a adotar estes espaços como contextos onde desenvolvem a sua identidade através da socialização como os seus pares. Práticas diárias dos adolescentes como fofocar, namorar, partilhar informação, divertir-se, passam a ser realizadas nestes novos contextos. A quando desta investigação, eram ainda quase só os adolescentes que utilizavam estas redes sociais e era notório o medo instalado na população adulta relativamente ao uso destes espaços pelos mais jovens. Esta investigação documenta um estudo etnográfico, durante dois anos e meio. realizado junto de adolescentes americanos que utilizavam redes sociais online.  O estudo focou-se na tentativa de compreender a participação destes nas redes sociais, tendo por base 3 grandes áreas de estudo: a autoapresentação; a socialização entre pares e a negociação destes com a sociedade dos adultos. A análise centra-se na tentativa de compreender como as redes sociais são um contexto público que simultaneamente é (1) um espaço construído através de uma rede tecnológica e (2) uma comunidade imaginária que emerge como resultado da interação entre pessoas, tecnológica e práticas.
Neste estudo, a investigadora verificou que nas redes sociais online observam-se muitas das práticas observadas no mundo presencial. Outras características como a persistência, busca de replicabilidade dinâmicas inerentes aos públicos invisíveis, a não existência de contextos fixos e a indefinição entre o que é público e privado, são algumas das características inerentes a estes novos espaços online e, que são abordados neste estudo.  Assim, verifica-se que apesar da tecnologia estar a reformular a vida pública, o envolvimento dos adolescentes nas redes sociais online está também a reconfigurar a própria tecnologia.

1- Objetivo do estudo

Neste estudo a autora tentou compreender a participação dos adolescentes americanos nas redes sociais, tendo por base 3 temáticas a analisar:  a autoapresentação; a socialização entre pares e a negociação destes com a sociedade dos adultos.

2- Opção Metodologia


Boyd optou por um estudo etnográfico porque considera que esta metodologia é aquela que melhor consegue captar as práticas culturais dos contextos de vida quotidiana.


Esta metodologia baseia-se principalmente na observação participada, em entrevistas qualitativas e na análise de artefactos culturais. Como método a etnografia não se foca nas características e crenças individuais dos sujeitos, mas sim na complexidade e interdependência das práticas e normas culturais. Assim, a autora optou por este tipo de metodologia como forma de estudar e mapear as práticas e dinâmicas culturais dos adolescentes americanos no uso de redes sociais online.

Boyd apresenta uma posição discordante relativamente a outros investigadores que têm analisado as comunidades online como contextos isolados. Contrariamente, ela considera que para se compreender realmente as práticas sociais, existe a necessidade de se analisar a relação entre as práticas realizadas nestas comunidades com outros contextos de vida dos participantes, quer virtuais, quer offline. A autora considera que os atuais contextos mediados por tecnologia, vieram romper com a conceção tradicional de espacialidade e, por isso, é premente que os etnógrafos repensem qual a melhor forma de transitar  entre esses diferentes espaços. Mesmo noutros estudos etnográficos já realizados em contextos multi-situados, os investigadores focalizaram os seus estudos principalmente num só espaço mediado por tecnologia, relacionado os outros contextos com esse. Neste caso, o objetivo de Boyd foi iniciar o seu trabalho de campo a partir de vários ângulos, atravessando uma multiplicidade de abordagens.

3- População- alvo

A população- alvo deste estudo foram adolescente residente nos Estados Unidos da América, que tenham algum acesso(mesmo que muito restrito) à internet.


4 - Métodos de Recolha de dados


4.1. Dados e observações online

Neste estudo a investigadora examinou mais de 10.000 perfis de adolescentes nas redes sociais online e salvou manualmente 1000 perfis públicos representativos, para análise aprofundada.
Durante o processo de entrevista aos adolescentes, frequentemente Boyd visualizou os seus perfis nas redes sociais, quer com eles durante o processo de entrevista ou posteriormente à realização desse procedimento. Utilizou estes perfis com o objetivo de compreender como estes se apresentam online. Durante o processo de entrevista, muitas vezes, a investigadora falava sobre os seus perfis na rede, com o objetivo de tentar compreender qual a perceção destes jovens relativamente à sua autoapresentação online.

A autora não interagiu com a maioria dos adolescentes que observou online, mas continuou regularmente a contactar com aqueles que lhe abordaram ou que tenha conhecido presencialmente . Alguns destes tornaram-se comentadores regulares do seu blog, fornecendo informações adicionais sobre as práticas dos adolescentes.  Em 2007, a autora contratou um dessesadolescentes (agora já jovem universitário), para a apoiar na recolha de informação em várias redes online  (LiveJournal, Xanga e MySpace) relativamente a como os jovens abordam a temática do uso das  redes socais online. Neste processo, recolheram mais de 200 posts que serviram para complementar a informação recebida nas entrevistas.

4.2. Entrevista

Foram realizadas  94 entrevistas a adolescentes de 10 estados dos EUA. Destas  50% foram realizadas a jovens residentes em grandes cidades; 25% de cidades médias e 25% de pequenas cidades;  57% eram do sexo feminino e 43% masculino; a amostra foi multi-étnica (25% eram bilingues) e socioeconómicamente diversificada. A amostra foi obtida de várias formas, principalmente tendo por base uma rede de conhecimentos pessoais de adultos e/ou organizações locais que tentaram sinalizar adolescentes dessas  mesmas comunidades. A aplicação da entrevista semiestruturada  durava  entre uma e  quatro horas (em média 90 minutos a 2 horas).

Metade destas entrevistas foram realizadas a pares. Tendo em conta a sua experiência em investigações anteriores, Boyd considera que quando o entrevistado e o entrevistador têm diferenças etárias consideráveis, a entrevista a pares ajuda os entrevistados a se sentirem mais confortáveis. Estas geralmente duram mais tempo e possibilitam  a obtenção de maior  detalhe na narração dass práticas diárias. Já no que se refere às informações relacionadas com os seus comportamento em  casa, Boyd observou que os adolescentes são mais detalhados nessas narrações quando são entrevistados individualmente.

4.3.Trabalho de campo em contextos menos estruturados
Para além das entrevistas e da análise dos perfis online, a autora foi construindo um conjunto de informação através de contactos menos formais com adolescentes, por exemplo: com filhos de amigos, tornando-se voluntária numa organização que trabalha com jovens em risco, contactando com jovens em aeroportos, igrejas, trabalhando com jovens de associações ativistas, etc.

 Boyd é atualmente uma das especialistas da área das tecnologias mais conhecidas nos Estados Unidos e esse conhecimento foi surgindo durante a fase do seu estudo de doutoramento, onde progressivamente foi convidada para ir à TV, Radio e jornais, assim como, a conferências, etc. Isso fez com que muitos jovens contactassem com ela e, assim, recolhesse mais informações, dúvidas etc. 




4.4.Dados Externos

Para além dos dados recolhidos no processo etnográfico, muita informação que serviu de complemento a esta investigação de uma forma mais holística para contextualizar a informação recolhida, foi obtida através de contactos informais com políticos, especialistas em segurança, professores, encarregados de educação, trabalhadores sociais, produtores de recursos tecnológicos, etc. No caso específico do MySpace, esta empresa compartilhou com a investigadora alguns dados de acesso mais restrito. Durante este estudo Boyd colaborou com outros investigadores que estavam a realizar estudos relacionados, conseguindo assim informação complementar útil para esta investigação.   

5. Preocupações Éticas

As questões éticas são bastante patentes nesta investigação. A autora esteve dois anos parada à espera  de uma autorização do instituto americano que regula a  proteção de participação de seres humanos em investigações.

Após essa aprovação, a investigadora teve em mente duas questões éticas:
1. Se o conteúdo no MySpace é público, será que eu devo ter o direito a o utilizar na investigação?
2. Se eu tiver acesso a conteúdo privado, mas publicado nas redes socais, sem a consciência das pessoas envolvidas, como é que eu devo incorporar essa informação nos dados recolhidos?   

A convergência do que é público e do que é privado, esteve sempre na mente da investigadora durante este estudo. Mesmo quando o conteúdo é público, nem sempre os adolescentes têm consciência disso. A autora demostra  preocupação pelo facto de verificar que muitos dos adolescentes não tinham ideia de que várias pessoas observavam os seus perfis devido à possibilidade de invisibilidade nestas comunidades. Por isso, muitos investigadores consideram que não basta os dados serem públicos para se poder investigar, importa também ter em consideração o conteúdo e o contexto onde se encontra essa  informação. Tendo por base esta premissa, Boyld tentou ser muito cautelosa a utilizar os dados relativamente aos perfis públicos das redes sociais. Assim, sempre que na escrita da tese deu exemplos, tentou alterar parte do texto, de forma a não identificar o adolescente - apesar do conteúdo  ser público, não significa que seja para ser lido por todas as pessoas (analisando o conteúdo de um post, facilmente se compreende se o objetivo inicial do adolescente era tornar essa informação completamente pública ou apenas tinha como foco de audiência os seus pares). Sendo fácil encontrar a informação publicada na internet (copiar/colar), Boyd decidiu que seria antiético amplificar a visibilidade de conteúdos, que  aparentemente não tinham sido produzidos pelos jovens para serem lidos por uma audiência alargada.

Por outro lado, nesta investigação Boyd  experienciou uma situação caricata relativamente aos dados que ia recolhendo: sempre que verificava que os adolescentes restringiam os dados dos seus perfis ela sentia contentamento pela consciência e autoproteção destes jovens, mas simultaneamente, passava a ter maior dificuldade em recolher dados para o estudo. 
Mesmo tendo a autorização para recolher dados não públicos na rede social MySpace ou diretamente através dos adolescentes entrevistados, por razões éticas, Boyd optou por só utilizar os perfis públicos nesta investigação.  

Neste vídeo Boyd indica as estratégias relativas à privacidade utilizadas pelos adolescentes na utilização das redes sociais:

6. Conclusões

Apesar das inovações tecnológicas, segundo Boyd, os adolescentes continuam a ter cognições e práticas muito semelhante às que tinham adolescentes das gerações anteriores à era digital. Os adolescentes continuam o complexo trabalho de desenvolver a identidade, em contextos de vida socialmente muito limitados: escola -família - organizações religiosas (tipicidade de alguns estados dos EUA).   A maioria ainda tenta ser validado pelos seus pares e, assim ganhar um status social, lutando por uma maior aceitação por parte dos adultos que os rodeiam.

Apesar de existirem muitas semelhanças com as gerações anteriores, as redes sociais online obrigaram os jovens a criar estratégias para lidar com estas novas formas de relacionamento social. Por exemplo, a tecnologia pode amplificar os dramas sociais, já que a identidade é moldada pelas escolhas dos seus pares na forma como se mostram online.

As redes sociais online não são narradas pelos jovens como inerentemente atraentes, mas antes como espaços de participação coletiva. Não é por isso a tecnologia que motiva a participação, mas sim a presença dos amigos, colegas ou conhecidos. Quando questionados, os adolescentes relatam preferir conviver em espaços físico sem supervisão parental, do que nas redes sociais - mas esta é muitas vezes a única alternativa, tendo em conta, às limitações de mobilidade impostas pelos progenitores.  
Parece por isso existir duas práticas diferenciadas de uso das redes sociais digitais pelos adolescentes: aqueles que têm restrições parentais em socializar em contextos presenciais e aqueles que não têm essas restrições. Os primeiros utilizam o contexto online para passar o tempo (como substituição desses outros contextos), os que não têm restrições usam mais estes recursos como forma de partilhar informações, vídeos ou para realizar contactos entre os encontros presenciais.
Se para os adultos, as redes sociais obrigaram a uma reaprendizagem de como se devem comportar em público, já para os adolescentes, as redes sociais, não são mais do que um dos contextos de vida pública e, por isso, a forma de se comportarem neste contexto faz parte integrante do continuo de aprendizagem de como se comportar em público.  

A apresentação do Self perante os outros continua a ser essencial e as audiências são muito importantes para os adolescentes. 


Apesar dos espaços públicos físicos ainda serem importantes como forma de marcação de posição identitária social dos adolescentes, quanto maior são as limitações de acesso a estes espaços, maior é essa transmissão nas redes sociais online. Para a maioria dos adolescentes o espaço privilegiado para se ver e ser visto é a escola, mas tendo em consideração que o tempo dedicado ao ócio neste espaço ser cada vez mais reduzido, os espaços virtuais passam a ser um local para continuar esse contacto com os seus pares.
Segundo a autora, neste estudo as redes sociais online servem principalmente como uma extensão da escola, fornecendo uma oportunidade de associar a estes grupos outros colegas de outros contextos como organizações religiosas, de acampamentos, etc. 

Estas redes, também permitem que  adolescentes marginalizados e ostracizados tenham outras opções de relacionamento. Quanto mais os adultos tentam cercar/controlar/ vigiar/ reduzir os contextos de socialização dos adolescentes, mais estes tentam encontrar novos espaços e contextos de conexão com os outros, já que o ampliar as redes de relacionais e de socialização faz parte integrante do desenvolvimento identitário do adolescente. Estes tentam procurar estatuto e validação, conectando-se com outras pessoas que, aparentemente, compartilham interesses semelhantes. Estas audiências existem quer nos contextos presenciais, quer nas redes socais online. 

Os adolescentes procuram nas redes socais a possibilidade de se ligar com um imprevisibilidade de públicos, justamente aquilo que mais faz temer os adultos que preferem ambientes mais controlados. Segundo a autora, a demonização das redes sociais pelos adultos, ocorre porque são contextos que estes não conseguem controlar as audiências, tal como acontecia anos antes noutros contextos não virtuais.
Esta limitação de acesso, pode produzir resultados inversos, para Boyd, os jovens que estão mais limitados no acesso às redes por parte dos seus pais têm maior dificuldade em transitar para a vida adulta, sendo mais infantis, dependentes e pouco ativos civicamente.




Breve análise da Metodologia da Tese “Networked Connectivity and Adult Learning: Social Media, the Knowledgeable Other and Distance Education”- Frederika Gerlanda Kop (2010)

Esta tese questiona a premissa do conectivismo como sendo uma transformação epistemológica. Será que os media, tendo em consideração o seu tremendo potencial na alteração dos processos de ensino, estão realmente a transformar a educação de adultos?  Esta investigação analisa a posição dos alunos no processo de ensino e o grau de controle que estes têm desse processo em comparativamente com o tutor e com a instituição de ensino. O estudo tenta compreender que forma os media sociais são realmente utilizados na comunicação educacional. Este estudo qualitativo longitudinal demostra como os estudantes, tutores e outro staff negoceiam os meandros dos media sociais em situações de educação formal de adultos. A investigação analisou a participação dos alunos em 3 redes online, tendo a investigadora emergido numa rede de aprendizagem pessoal através das tecnologias durante 9 meses.  Os resultados demostram que as tecnologias Web 2.0 podem facilitar altos níveis de comunicação entre os alunos e docentes, e consequentemente, aumentarem o nível de presença em contextos  online. As novas tecnologias promovem o empenho e a aprendizagem autodirigida. Todos os alunos consideram crucial o papel dos docentes, considerando que a sua autonomia como alunos só é atingida se os docentes demostrarem credibilidade como “filtros humanos” da informação – a confiança no outro, continua a ser considerado um factor muito significativo no processo de aprendizagem. A autora considera que esta investigação é mais um contributo para conceptualização da aprendizagem em rede com ferramentas da Web 2.0.   

Estrutura da tese

1-      Introdução (contextualização, objetivos do estudo, o estudo- questões de investigação, organização da tese;
2-      Revisão da Literatura;
3-      Metodologia (introdução, explicação da metodologia optada, ajustar a metodologia DBR às questões de investigação, decisões relativos à metodologia, métodos utilizados, considerações éticas, métodos de análise dos dados)
4-      Resultados do projeto 1 (ABCD)
5-      Resultados do projeto 2 (Network online)
6-      Discussão dos resultados  
7-      Conclusões (incluindo recomendações, conclusões sobre a metodologia de investigação utilizada e propostas para futuras investigações)

Questões de Investigação

A-     Será desejável para os alunos serem o centro da experiencia de aprendizagem em em vez de serem os tutores ou a instituição em que estes realizam a formação?
Questões específicas:
A.1. – Qual é o nível de controle que pode e deve ser transferido das instituições para os alunos, em ambientes ricos em tecnologia  de forma a melhorar a experiência de aprendizagem?
A.2. – Deveriam os alunos ter uma voz mais ativa, no que se refere ao conteúdo das oportunidades de ensino e no caminho seguido pela percurso de ensino? Quais serão as implicações para a instituição?
A.3. – Qual será a implicação para o conceito de conhecimento, assim como, para a confiança e validade deste, se esse ser investigado e criado em nas redes online de forma independente das instituições de ensino?
B- Quais as tecnologias Web 2.0 que podem ser usadas de forma efetiva na comunicação e no ensino? Como é que este uso pode melhorar ou prejudicar as experiências de aprendizagem nos adultos?

Opções Metodologia


Tipo de Metodologia
Contexto de investigação
População- Alvo
Amostra
Projeto ABCD

Design Based Research, mais especificamente o modelo de DBR   proposto por Bannan-Ritland (2003).
Ambiente de formação online onde decorreu o curso ABCD (duração 2 anos/ certificado educação superior Nível 1/ num total de 120 Créditos)
Alunos*, tutores, designers do curso e gestor do projeto.

10 alunos (de um total de 17) que passaram do curso presencial para o curso online
Foram entrevistados 4 tutores (de um total de 7)
+ designers do curso e gestor do projeto.

Projeto Online Network

Metodologia Mista (qualitativa + quantitativa)

3 Redes Online de acesso público

Utilizadores dessas redes
65 utilizadores
*a maioria dos alunos são pessoas que trabalham ou gerem pequenas e medias empresas do mercado regular ou social ou voluntários do setor social
Métodos de Recolha e análise de dados


Técnicas
Análise
Amostra








Projeto ABCD

Observação das atividades e comunicações realizadas no ambiente formativo, nomeadamente com o recurso a diferentes ferramentas Web 2.0












Análise holística das experiências dos alunos e   tutores

Análise dos artefactos, nomeadamente visuais construídos durante a formação
Análise dos blog dos designers do curso durante a fase de desenvolvimento, reuniões formais e informais com equipa de professores, técnicos e  gestor do projeto.
Análise do informação relativa ao background dos   participantes, realizada antes do início da formação
10 alunos (de um total de 17)
Entrevistas via telefone (em duas fases do projeto) com alunos, tutores e designers do curso

Entrevistas
Semiestruturadas
Todas estas entrevistas foram gravadas em áudio,   transcritas e, posteriormente, analisado o seu conteúdo. 
10 alunos (de um total de 17) e 2 tutores (de um total de 7)
Projeto Online Network

Estudo etnográfico: imersão numa rede de aprendizagem através de tecnologia


Análise qualitativa




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Analise qualitativa da rede
Análise qualitativa apiado também respostas obtidas no questionário onlie
Questionário online
Análise quantitativa
65 participantes

Preocupações éticas

1-      Projeto ABCD
Para se estudar a interação, navegabilidade de todos os intervenientes na plataforma, todos os participantes forneceram o ser aval á participação neste tipo de estudo, tendo este tipo de análise recebido também uma autorização por parte do departamento de ética da universidade. Relativamente às entrevistas, foram todas realizadas com o consentimento prévio dos participantes, Em todos os casos, o anonimato foi sempre preservado na investigação.  

2-      Projeto Online Network

Quando se pretende estudar  redes online coloca-se sempre a questão relativamente à ética do estudo, já que pode-se considerar que é um espaço público e, por isso, não necessita de consentimento prévio, mas também, pode ser visto como um espaço privado, todos os casos em que o acesso a essa comunidade está protegido por uma palavra- passe colocasse. No caso específico, e para garantir uma maior transparência do comportamento de análise realizado, a investigadora optou por, no seu blog e no seu site, clarificar muito bem quais as suas intenções investigativas. Assim, no caso do estudo de blogs e wikis, a investigadora considerou como sendo espaços públicos, tendo obtido sempre o consentimento prévio, no caso da aplicação de questionários a participantes destas redes, sendo-lhes sempre assegurada o total anonimato.
Descrição Resumida da Implementação 


1-      Projeto Online Network
1ª Etapa
- Revisão da Literatura
- Levantamento de necessidades de mercado, para garantir que a oferta formativa utilizada no projeto seria adequada ao público-alvo

2º Etapa
- Fase de desenvolvimento: Processo interativo de desenvolvimento/produção, teste e re- desenvolvimento/produção do ambiente de aprendizagem e dos recursos a utilizar no processo formativo.
3º Etapa
- Avaliação do impacto local, Design instrucional e investigação educativa.
4º Etapa
- Avaliação do impacto num contexto mais amplo, analise da rede social e disseminação do recursos bem-sucedidos e do próprio projeto


2-      Projeto Online Network

Imersão da própria investigadora numa rede de aprendizagem através de tecnologia, durante 9 meses. Fez parte desta imersão a criação de um blog pessoal, onde a investigadora escreveu regularmente sobre novas tecnologias, recebeu comentários de outros especialistas em tecnologia educativa, fez comentários noutros blogs, fez parte de debates e na construção de wikis, participou numa conferência online e num MOOC sobre Conectivismo. Analisou a participação dos outros na rede, tentou compreender quais  os nós importantes neste tipo de rede (participantes importantes e agregadores de informação) e o que faz deles tão importantes. Analisou quem é visto como expert na rede e qual a facilidade ou dificuldade destes em passarem de membros periféricos para membros importantes
Em conjugação foi realizado um questionário online a utilizadores de 3 redes: “learning technology”, “ICT research network” e  “library blogger”. Este questionário teve dois objetivos de análise:
- Para compreender como eles percecionam a sua aprendizagem na rede e qual o papel dos outros participantes na rede na sua própria aprendizagem;
- Apoiar a análise qualitativa para descobrir os papéis dos diferentes nós da rede. Assim, em vez de usar um software específico de análise quantitativa da rede, a investigadora optou por uma abordagem qualitativa diferente tendo em conta a observação que esta fez das redes e um conjunto de questões colocadas aos participantes no questionário (como por exemplo: quem eles consideram ser os nós mais importantes, quantos desses “experts” estão presentes na rede, etc.)


Referência

Kop, F. G (2010) PhD Thesis - Networked Connectivity and Adult Learning: Social Media, the Knowledgeable Other and Distance Education, Swansea University.

Breve análise da Metodologia da Tese "RECRIAR ESPAÇOS E AMBIENTES DE APRENDIZAGEM: uma nova perspetiva sobre as comunidades virtuais de aprendizagem para jovens" - Vera Cristina Monteiro (2013)

Esta tese teve como objetivo estudar que a influência podem ter as comunidades virtuais na aprendizagem de jovens e na formação ao longo da vida. A investigação foi realizada na comunidade Web 2.0"FQ em Rede", uma comunidade aberta, mas focalizada principalmente para alunos e docentes de Físico Química do ensino secundário. Este estudo teve por base teórica 3 correntes: o conectivismo, a criação de valor em comunidades e redes e a teoria da atividade.  O estudo recorreu à metodologia design-based research:  durante 3 anos o artefacto (a comunidade) foi sucessivamente redesenhada e reinventada, tendo por base interesses, necessidades e a participação de todos os intervenientes. Para credibilizar os resultados foi realizada uma diversificação das fontes, técnicas de recolha e análise dos dados através de triangulação metodológica, nomeadamente com recolha de dados através das analytics do site e perfil dos membros, questionários online, entrevistas semiestruturadas e análise sociométrica de redes sociais.  Conclui-se que as comunidades virtuais conjugadas com a escola, podem ser um sistema harmonioso para desenvolver o gosto por aprender e aprender a apreender em sistemas onde existem processos socais de conexão e participação em torno de conteúdos científicos (quer de forma formal ou informal)

 

Estrutura da tese

1 - Introdução (Contextualização, questões de investigação, pertinência da investigação, estrutura da tese, critérios adotados no texto e preocupações éticas);
2- Enquadramento teórico;
3- Metodologia Aplicada (design de investigação, fases da investigação, técnicas de recolha dos dados, triangulação metodológica, moldura integrada de análise dos dados);
4- Análise e interpretação dos dados;
5- Conclusões e Implicação do estudo (incluindo limitações)
 Bibliografia

Questões de Investigação

 
Qual a influência que um ambiente colaborativo, suportado pela Web 2.0, onde os alunos não estão sujeitos a avaliação e onde participam voluntariamente, pode ter na sua aprendizagem, em particular no seu desempenho escolar, e contribuir para a formação de aprendentes ao longo da vida?

Sub-questões:
1. Em que medida as interações entre os estudantes e professores ou especialistas proporcionam aos alunos experiências de aprendizagem que permitam o acesso ao conhecimento, num ambiente autêntico?
2. Em que medida os encontros de fronteira (exposição a diferentes práticas) potenciam a aprendizagem, entendida como transformação do knowing?
3. Como é que a participação dos alunos em comunidades virtuais de aprendizagem se traduz em resultados concretos?
4. Quais os principais entraves à participação dos alunos nessas comunidades? Como eliminá-los? Que mudanças são necessárias?
5. Em que medida estes ambientes exigem alterações no papel do professor?
6. Que circunstâncias propiciam a emergência e sustentação destes ambientes?
7. Quais são as principais dificuldades que se deparam à implementação, dinamização e manutenção destas comunidades? Que ações tomar para minimizá-las?

Opções Metodológicas


Tipo de Metodologia
Contexto de investigação
Sujeitos participantes
Design-Based Research
(mais especificamente Cultural psychology DBR*)
Comunidade Web 2.0"FQ em Rede"
Todos os participantes da comunidade (comunidade aberta, mas criada para uso principalmente para alunos e docentes da  disciplina de  Físico Química - ensino secundário)
*Cultural psychology DBR - já que se foca na formação e sustentabilidade de microculturas educacionais, reconhecendo no estudo a influencia social circundante.
Técnicas de Recolha
Técnicas de Análise
- Observação Participante - para além de construir a plataforma a investigadora também participou regularmente como membro ativo da comunidade. Em termos práticos, a observação participante resultou no  registo sistemático de informação, impressões, ideias e hipóteses no diário do investigador e  em registos textuais de diálogos, chat e e-mails trocados com os restantes participantes;

- Questionários online (LimeSurvey) - Três questionários online intercalares, no final de cada ano letivo, com o objetivo de  aferir como é que a comunidade estava a ser percecionada pelos seus membros e preparar a intervenção para o ano seguinte. No fim da investigação foi difundido um questionário final online, mais detalhado;
Os dados foram  tratados em termos estatísticos simples:  nas questões que tinham associadas itens de Likert, foram calculados os valores médios das repostas e respetivos desvios padrão; nas restantes questões foram tratados em termos de frequência das respostas às várias hipóteses indicadas (amostra: 1º questionário-   ; 1º questionário - 12 ; 2º questionário- 49 ; 3º questionário- 24; Questionário Final - 115)
- Entrevistas semiestruturadas (Skype ou videoconferência do Facebook ) - Aplicadas no final da investigação entrevistas distintamente a professores e alunos da comunidade.
Todas estas entrevistas foram transcritas para posterior análise de conteúdo. A análise do conteúdo foi efetuada recorrendo ao software NVivo 10 (versão trial), para o qual foi importado todo o conteúdo transcrito e no qual foi codificado e analisado. O critério de recorte na análise do conteúdo das entrevistas foi semântico, a categorização das unidades de sentido foi efetuada com base num sistema de categorias predefinido pela investigadora. 
- Analytics do site (Google Analytics) - Visualizar as estatísticas de acesso e utilização da plataforma (áreas do site mais consultadas, origem e natureza do tráfego,...);
- Análise das Redes Sociais - Para analisar as redes sociais estabelecidas no contexto dos vários fóruns de discussão na comunidade foi utilizadoo software UCINET 6.268 para Windows 7 (versão trial) e o programa NETDRAW 2.091, que permite a visualização das matrizes de interações na forma gráfica. Esta representação gráfica fornece um conjunto de elementos que esclarecem situações inerentes à troca de informação entre o grupo e entre pares de atores, facilitando tanto a análise global, como individual. Análise com redes de 1-modo permitiu localizar a análise das interações a três níveis: individual, grupal e global; a análise com Redes de 2-modos permitiu verificar grau de centralidade da discussão e dos atores e a densidade da rede em termos dos participantes ativos
- Análise de conteúdos do site - Foram selecionámos algumas discussões que, do ponto de vista da investigadora, melhor ilustram algumas das pequenas dinâmicas emergentes no contexto da comunidade
Recorreu ao software Cohere, gratuito e livre, que é descrito como uma ferramenta que permite criar, conectar e partilhar ideias. Mediante uma barra de ferramentas que ficou instalada no browser da investigadora, o Cohere permitiu etiquetar, codificar ou memorizar o conteúdo do nosso site diretamente na página Web onde foi criado, sem ter de o transcrever para outro software. O software permite a visualização da rede de conexões estabelecidas online durante o processo de análise de conteúdo. Todo o conteúdo selecionado é reunido no site do próprio software Cohere, onde se podem gerar e visualizar os mapas que detalham as relações e a qualidade das interações entre as diferentes intervenientes.
- Análise das Redes Sociais- analisar as redes sociais estabelecidas no contexto dos vários fóruns de discussão na comunidade
Para analisar as redes sociais estabelecidas no contexto dos vários fóruns de discussão na comunidade foi utilizadoo software UCINET 6.268 para Windows 7 (versão trial) e o programa NETDRAW 2.091, que permite a visualização das matrizes de interações na forma gráfica. Esta representação gráfica fornece um conjunto de elementos que esclarecem situações inerentes à troca de informação entre o grupo e entre pares de atores, facilitando tanto a análise global, como individual. Análise com redes de 1-modo permitiu localizar a análise das interações a três níveis: individual, grupal e global; a análise com Redes de 2-modos permitiu verificar grau de centralidade da discussão e dos atores e a densidade da rede em termos dos participantes ativos

 

Preocupações éticas


Os sujeitos analisados como participantes na rede social, não foram informados de que os seus contributos estavam a ser analisados, mas a autora considera que  ao registarem-se em espaços sociais abertos os participantes sabem que os seus comentários ficam disponíveis na Web pública, acessíveis a qualquer utilizador . Ainda assim, por razões éticas, o anonimato dos autores dos comentários e da correspondência mencionada no texto foi preservado atribuindo-lhes um nome fictício. Apenas a condição de aluno, professor ou especialista foi mantida.  No caso das entrevistas semiestruturadas dirigidas a membros pré-selecionados, os entrevistados forma informados da situação de investigação. Os membros que aceitaram colaborar foram informados que o seu depoimento seria gravado, transcrito e analisado tendo em vista um trabalho académico sobre a comunidade. Sendo que seria preservado o anonimato do depoimento.

Descrição resumida da implementação

Este estudo decorreu durante 3 anos de investigação e caracterizou-se pela criação e desenvolvimento, por fases, de uma artefacto (A comunidade  "FQ em Rede" criada na plataforma web 2.0 Ning). Importa referir que a investigadora foi simultaneamente a primeira criadora do artefacto, sendo simultaneamente docente da área científica trabalhada nessa comunidade: a Físico Química.

Fase 1 – Estudo Piloto (jan – agost 2010)

- Divulgação da comunidade aos diretores de um grupo restrito de escolas e a docentes da mesma escola da investigadora;
- As ações focalizaram-se principalmente no apoio dado os alunos em torno das suas dúvidas nas matérias escolares;
- Técnicas utilizadas na recolha de dados: notas de campo, questionário online aos membros da comunidade, entrevista semiestruturada a uma docente membro da rede e estatísticas do siste (Google Analytics).  

Fase 2 – ano letivo 2010/2011

 - Restruturação do artefacto (forma e conteúdo) tendo em consideração a análise dados recolhidos na fase 1 :  “(…)iniciamos o ano na expectativa de que a qualidade e quantidade de conteúdo a disponibilizar na rede seriam um importante fator de retorno e fidelização dos membros(…)”;

-  Divulgação através de envio de e-mail a todos os diretores de escolas secundárias do país, acompanhado de um cartaz de divulgação dirigido aos alunos (primeiro grande aumento da população da comunidade). Criação de uma newsletter.
- Várias restruturações dos conteúdos, tendo em conta a dinâmica da comunidade. Destacar nova atividade em  abril de 2011: as conversas com especialistas e criando parceria da comunidade com uma universidade (divulgar e apoiar a utilização dos laboratórios remotos)
- Questionário difundido a todos os membros registados, em julho de 2011 (amostra 49 membros). Verificou-se uma dificuldade em as respostas aos questionário surgirem sugestões concretas: “(…) Evidencia-se a dimensão individualista da vida na comunidade e da cooperação. O apoio é sentido, no entanto, cada um age de acordo com os seus interesses e necessidades individuais. Daqui se depreendeu que as atividades tinham de continuar a ser criadas em articulação com estes feedbacks (ainda que incompletos). Porém, organizadas e dinamizadas por uma equipa nuclear (no mínimo pela investigadora) e apresentadas já no formato final aos membros. Estes não dispõem de tempo, ou não concebem formas concretas de se envolver ativamente no desenho da comunidade.”

Fase 3 – ano letivo 2011/2012

- Nova restruturação do design e dos conteúdos do artefacto, tendo em consideração o feedback recebido no final da fase 2;
- Nova fase de divulgação via e-mail, junto das escolas, com cartaz dirigido aos alunos e uma nota explicativa aos professores de Física e Química, alargando a divulgação às ilhas da Madeira e Açores. Foi também realizada uma divulgação junto das federações desportivas e dioceses (não se traduziu num afluxo de novos membros superior ao do ano anterior).
- Novas tentativas de aumentar a dinâmica da comunidade: questionar os membros sobre temas que considerassem interessantes trazer para debate nas conversas com os especialistas, contactos que considerassem pertinentes, dois concursos (um de fotografia laboratorial e outro de vídeo), convite a uma reconhecia especialista em Química para bloguista residente, surgiu um outro professor que se tornou bloguista residente na área da Física, webinars trimestrais
- Cessação do envio da Newsletter, por se verificar que não se traduzia em participação ou envolvimento acrescido;
- No final de dezembro 2011 novo questionário online dirigido só a alunos e reunião informal com os alunos membros da equipa nuclear da comunidade;
- Março de 2012 - Nova dinâmica de restruturação do artefacto, tendo em conta os dados recolhidos.

Referência


Monteiro, V. C. (2014) Recriar espaços e ambientes de aprendizagem: uma nova perspectiva sobre as comunidades virtuais de aprendizagem para jovens. Tese de doutoramento, Universidade Aberta. Consultado em Abril de 2014 em https://repositorioaberto.uab.pt/handle/10400.2/2945

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