Este é o meu último post, neste blog dedicado à criação de um eportefólio relativo às aprendizagens realizadas na Unidade Curricular de Metodologias de Investigação em Educação. Seria normal, eu agora enumerar todos os conhecimentos e competências adquiridos durante este semestre e as vantagens destes para a sua utilização na realização prática de uma investigação. Mas sinceramente, tenho algumas dúvidas em apontar todas essas vantagens, porque considero estar tanto ou mais confuso do que no começo desta UC. Não que tenha sido mal leccionada a UC! Não que tenha adquirido poucos conhecimentos! O problema coloca-se na sua aplicação prática.
Quando iniciei esta UC, tinha conhecimentos gerais da utilização de metodologias de investigação em educação e psicologia, principalmente na aplicação de questionários (apesar de já não me recordar de como se utiliza o SPSS). Com esta UC passei a ter uma maior noção, principalmente dos paradigmas que estão por detrás, assim como de alguns métodos de recolha de dados em investigação qualitativa. A aplicação de entrevistas, assim como, o processo de análise de conteúdo deste método, foi também uma mais-valia para a minha aquisição de competências como pesquisador. Apesar disso, fiquei com algumas dúvidas de como se deve transpor a informação recolhida na análise de conteúdo para as conclusões finais. Parece-me também ser uma limitação, o facto de não termos tido a oportunidade de utilizar algum programa informático de análise de conteúdo, de modo a podermos de forma mais consistente compreender as vantagens e desvantagens metodológicas de uso destes procedimentos.
Pessoalmente, esta UC levou-me a reflexões profundas de como se deve ou não promover ciência. Sempre tive muitas dúvidas sobre a natureza neutra da ciência e considero que esta UC levou-me a desenvolver uma consciência ainda mais reticente relativamente a este tema. E tenho essas dúvidas, principalmente quando tento imaginar a planificação da minha investigação final. Não quero dizer com isto, que não tento planificar uma metodologia séria. Não tento dizer que os outros investigadores não tentam planificar de forma séria. Considero é que os limites temporais, de acesso a dados e de sua análise, podem condicionar tanto a investigação ao ponto de poderem limitar o âmbito de actuação, assim como, o próprio problema e as hipóteses colocadas.
Para ser prático, por exemplo, verifiquei durante esta UC, que as entrevistas são um óptimo método de recolha de dados, nomeadamente quando estamos a submergir em áreas ainda pouco estudadas. Mas, quando queremos analisar uma temática educativa, devemos ouvir os vários intervenientes no processo educativo, como professores, alunos e encarregados de educação. A aplicação, por exemplo de entrevistas a encarregados de educação, pode ser um obstáculo por dificuldade de acesso a estes (principalmente se a nossa amostra for aleatória, mesmo que muito reduzida). Isto, faz com que um investigador fique renitente em realizar este tipo de recolha de dados, o que pode condicionar toda a planificação metodológica e até questão levantada inicialmente. Muitos outros exemplos poderiareferir.
Assim, verifico que, principalmente no caso de dissertações de mestrado (em que o mestrando é, geralmente, pesquisador apenas em part-time) as temáticas investigativas podem depender, mais do acesso a determinada fonte, do que das necessidades reais de investigação. Como verifica Costa (2007) ao analisar as dissertações de mestrado realizadas em Portugal sobre tecnologias educativas:
“(…) é o contexto escolar e são as questões ou os problemas concretos do real que motivam os seus autores, na maioria professores (…). Não é, pois, o propósito de intervenção a mobilizar em primeira instância o interesse destes professores investigadores (…)”.
Mas será que isto depende apenas do interesse? Ou depende também da proximidade contextual das fontes para recolha de dados? Será que este facto pode determinar, em parte, a produção científica actual nesta área?
Não sendo eu professor, tenho mais dificuldade em aceder a um conjunto de agentes educativos. Será que este facto poderá condicionar as questões por mim colocadas na investigação? Espero bem que não.
No fim desta UC, ficam-me estas questões no ar. Considero que uma UC só pode ser útil se promover novas reflexões, dúvidas e levar à busca de novas leituras - o que aconteceu comigo neste estudo das Metodologias de Investigação em Educação. Espero agora vir a conciliar todo isto, de uma forma mais pragmática nesta nova fase da dissertação.