“Interviewing is a craft that is closer to art than to standardized social science methods” -Kvale (1996)
Para Kvale, uma das maiores virtudes da utilização da entrevista como método de recolha de dados qualitativa, é a sua abertura. Para este autor este método de recolha não segue uma técnica e regras excessivamente padronizadas, mesmo assim, ele propõe que a investigação que tenha por base a entrevista, deve seguir sete passos:
1- Tematizar. Antes de se iniciar a aplicação de uma entrevista é essencial formular o propósito dessa investigação e descrever o conceito do tema a ser investigado. Antes de se propor o método – “como?”- devemos nos focalizar em saber “por quê?” e “o quê?”.
2- Planificar. Projectar o esboço do estudo, tendo em consideração todas as etapas da investigação, antes de se iniciar a entrevista. Nesta planificação, deve-se ter em consideração qual o conhecimento que se pretende obter, assim como as implicações morais que este pode ter.
3- Entrevistar – Realizar uma entrevista tendo por base quer o guião de entrevista, quer uma abordagem reflexiva sobre o conhecimento procurado, assim como, uma preocupação com a relação interpessoal da situação da entrevista.
4- Transcrição. Preparar o material para análise, o que inclui a transcrição da narração da entrevista para suporte escrito.
5- Análise. Decidir, tendo por base um objectivo/ tema de investigação e a natureza do material recolhido na(s) entrevista(s), qual o método de análise mais apropriado.
6- Verificação. Averiguar a generalização, a confiabilidade e a validade das achados provenientes da entrevista.
7- Relatório. Comunicar os resultados do estudo e os métodos de uma forma que segue critérios científicos resultando num produto de fácil legibilidade, deve-se aqui ter em consideração os aspectos éticos da investigação.
Ainda sobre os Métodos e instrumentos de recolha de dados (2º Tema), foi-nos proposto a construção colaborativa de um guião de uma entrevista semi-estruturada que se insere “num estudo de caso sobre as representações de professores do ensino básico/secundário que sejam amigos pessoais dos estudantes do MCEM”, tendo por base três questões de investigação:
1) O que pensam esses professores sobre as redes sociais a exemplo do Facebook, Myspace, Hi5, Twitter, etc?
2) Como é que vêm a sua (hipotética/real) participação numa rede social?
3) Que expectativas têm sobre o seu uso no ensino?
Tendo por base os 7 pressupostos de Kvale, antes da criação do guião da entrevista, os investigadores deveriam ter focalizado em verificar o que queremos realmente estudar. Nesta proposta de trabalho, já tínhamos meio caminho andado, já que o professor já nos tinha facultado as questões investigativas de base. Mesmo assim, este deve ser um processo reflexivo, já que uma menor ponderação nesta fase, poderá comprometer toda a investigação subsequente.
A temática escolhida para a criação do guião da entrevista, foi um factor facilitador para a sua construção, já que se trata de uma temática que tem sido abordada em várias das Unidades Curriculares deste Mestrado, o que facilitou bastante a realização de uma rápida revisão bibliográfica da temática, de forma a facilitar uma guião coerente e que permita uma comunicação mais fluente com o entrevistado. Como se trata de uma entrevista semi-estruturada, o guião de entrevista deve servir de base flexível para um contexto de entrevista muito semelhante a uma conversa informal. Nestes casos, podemos combinar perguntas abertas e fechadas, podendo assim obter informação directa proveniente de respostas fechadas, assim como, informação mais aberta que possibilita alongar o tema para campos que antecipadamente poderiam não ter sido visualizados pelos pesquisadores.
A construção prática deste guião foi um pouco atribulada, já que inicialmente tentou-se organizar a criação do guião em pequenos grupos de trabalho, tendo-se seguidamente tentado construir um guião comum a todo o grupo-turma, através da funcionalidade wiki do Moodle. Mas, no meu ponto de vista, esta construção em grande grupo, não correu muito bem, a construção tornou-se confusa, uns com querendo retirar questões, outros colocando novas perguntas, enquanto outros tentavam agrupar as questões já existentes, levou a uma grande confusão, tendo-se por isso optado uma síntese proposta por um dos grupos de trabalho.
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